segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Alimentos orgânicos: vale a pena pagar mais por eles?



A Academia Americana de Pediatria publicou neste mês de outubro um trabalho bastante completo a respeito dos alimentos orgânicos, suas vantagens e desvantagens com relação à saúde e ao meio ambiente ( Organic Food: Health and Environmental Advantages and Disavantages).

Nos Estados Unidos, o mercado de alimentos orgânicos cresceu de 3,5 bilhões de dólares em 1996 para 28,6 bilhões de dólares em 2010. Aqui no Brasil este mercado ainda é acanhado, mas já se nota um movimento crescente de pessoas que consomem alimentos orgânicos.

Por definição, um alimento orgânico é aquele que deriva de um cultivo ou de uma criação livre de substâncias químicas sintéticas, hormônios, antibióticos, engenharia genética e irradiação. Nos Estados Unidos, para receber o certificado de orgânico, o alimento deve ser cultivado em uma fazenda que não usa pesticida sintético, herbicida ou fertilizante há pelo menos três anos, para garantir que não tenha havido contaminação de áreas adjacentes do solo.

Observou-se que os consumidores que escolhem alimentos orgânicos costumam ter crianças e adolescentes na família e acreditam que estes alimentos são mais nutritivos e têm menos aditivos e contaminantes, sendo cultivados com maior sustentabilidade.
Porém, os resultados desta pesquisa revelaram que alimentos orgânicos não possuem vantagens nutricionais significantes, quando comparados aos alimentos convencionais. 
Em termos de vantagens para a saúde, há consenso de que os alimentos orgânicos expõem os consumidores a menos pesticidas que levam a doenças. Porém, não se consegue até o momento, medir a relevância clínica desta redução.

Em fazendas convencionais de criação de gado, há frequentemente o uso de antibióticos em doses não terapêuticas, para melhorar o crescimento dos animais e aumentar a produção. Muitos destes antibióticos são idênticos ou similares aos utilizados em humanos e há evidências de que o uso destas drogas, desta maneira, promove o aparecimento de microrganismos resistentes, que acabam se disseminando pela cadeia alimentar. Nas fazendas orgânicas, é proibido o uso de antibióticos, a menos que seja para fins terapêuticos. Desta forma, há menor chance de se disseminarem microrganismos resistentes a antibióticos.

Quanto ao leite orgânico, praticamente não há vantagens com relação ao leite convencional. Não se deve consumir leite que não tenha sido submetido ao processo de pasteurização.  É frequente o uso de GH (hormônio de crescimento) no gado, para aumentar a produção de leite.  O uso deste hormônio não interfere nos humanos, pois este hormônio é específico para cada espécie, ou seja, cada espécie tem o seu GH. Desta forma, o GH da vaca não tem ação nos humanos. Além disto, 90% do hormônio se degrada  no estômago, durante a digestão.

Por último, o preço. Hoje, nos EUA, os alimentos orgânicos custam de 10% a 40% mais caros do que os alimentos convencionais. Aqui no Brasil, os preços também são bem mais altos e a oferta ainda é bem pequena. Esta diferença de preço é explicada pelas técnicas utilizadas nas fazendas orgânicas, que usam muita mão de obra humana, têm menor produtividade e, no caso de fazendas de criação, pelo custo mais alto dos alimentos orgânicos oferecido para os animais. Porém, acredita-se que com o avanço de técnicas de cultivo de alimentos orgânicos, esta diferença de preço tenda a ser reduzida com o tempo, propiciando a mais pessoas que consumam estes alimentos.

O que fica de relevante neste trabalho é que não se deve deixar de consumir frutas, legumes e verduras, ou mesmo consumir estes alimentos em menor quantidade, uma vez que sendo orgânicos têm maior preço. Neste caso, é preferível que se consumam estes alimentos na forma convencional, em proporções maiores, pela sua importância enorme na nutrição.



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