A Academia
Americana de Pediatria publicou neste mês de outubro um trabalho bastante
completo a respeito dos alimentos orgânicos, suas vantagens e desvantagens com
relação à saúde e ao meio ambiente ( Organic Food: Health and Environmental
Advantages and Disavantages).
Nos Estados
Unidos, o mercado de alimentos orgânicos cresceu de 3,5 bilhões de dólares em
1996 para 28,6 bilhões de dólares em 2010. Aqui no Brasil este mercado ainda é
acanhado, mas já se nota um movimento crescente de pessoas que consomem
alimentos orgânicos.
Por
definição, um alimento orgânico é aquele que deriva de um cultivo ou de uma
criação livre de substâncias químicas sintéticas, hormônios, antibióticos,
engenharia genética e irradiação. Nos Estados Unidos, para receber o
certificado de orgânico, o alimento deve ser cultivado em uma fazenda que não
usa pesticida sintético, herbicida ou fertilizante há pelo menos três anos,
para garantir que não tenha havido contaminação de áreas adjacentes do solo.
Observou-se
que os consumidores que escolhem alimentos orgânicos costumam ter crianças e
adolescentes na família e acreditam que estes alimentos são mais nutritivos e
têm menos aditivos e contaminantes, sendo cultivados com maior sustentabilidade.
Porém, os
resultados desta pesquisa revelaram que alimentos orgânicos não possuem
vantagens nutricionais significantes, quando comparados aos alimentos
convencionais.
Em termos de
vantagens para a saúde, há consenso de que os alimentos orgânicos expõem os
consumidores a menos pesticidas que levam a doenças. Porém, não se consegue
até o momento, medir a relevância clínica desta redução.
Em fazendas
convencionais de criação de gado, há frequentemente o uso de antibióticos em
doses não terapêuticas, para melhorar o crescimento dos animais e aumentar a
produção. Muitos destes antibióticos são idênticos ou similares aos utilizados
em humanos e há evidências de que o uso destas drogas, desta maneira, promove o
aparecimento de microrganismos resistentes, que acabam se disseminando pela
cadeia alimentar. Nas fazendas orgânicas, é proibido o uso de antibióticos, a
menos que seja para fins terapêuticos. Desta forma, há menor chance de se
disseminarem microrganismos resistentes a antibióticos.
Quanto ao leite
orgânico, praticamente não há vantagens com relação ao leite convencional. Não
se deve consumir leite que não tenha sido submetido ao processo de
pasteurização. É frequente o uso de GH
(hormônio de crescimento) no gado, para aumentar a produção de leite. O uso deste hormônio não interfere nos
humanos, pois este hormônio é específico para cada espécie, ou seja, cada
espécie tem o seu GH. Desta forma, o GH da vaca não tem ação nos humanos. Além
disto, 90% do hormônio se degrada no
estômago, durante a digestão.
Por último, o
preço. Hoje, nos EUA, os alimentos orgânicos custam de 10% a 40% mais caros do
que os alimentos convencionais. Aqui no Brasil, os preços também são bem mais
altos e a oferta ainda é bem pequena. Esta diferença de preço é explicada pelas
técnicas utilizadas nas fazendas orgânicas, que usam muita mão de obra humana,
têm menor produtividade e, no caso de fazendas de criação, pelo custo mais alto
dos alimentos orgânicos oferecido para os animais. Porém, acredita-se que com o
avanço de técnicas de cultivo de alimentos orgânicos, esta diferença de preço
tenda a ser reduzida com o tempo, propiciando a mais pessoas que consumam estes
alimentos.
O que fica de
relevante neste trabalho é que não se deve deixar de consumir frutas, legumes e
verduras, ou mesmo consumir estes alimentos em menor quantidade, uma vez que
sendo orgânicos têm maior preço. Neste caso, é preferível que se consumam
estes alimentos na forma convencional, em proporções maiores, pela sua
importância enorme na nutrição.