quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Bicho geográfico

peleinfoco.blogspot.com

Na época de verão, as brincadeiras ao ar livre são ótimas. Na praia, então, nem se fala! Porém, nem sempre a areia oferece condição adequada para quem tem contato com ela. Isto, porque há pessoas que levam seus cachorros à praia, o que acaba contaminando a areia pelas fezes destes animais. Como consequência, pode-se adquirir o chamado “bicho geográfico”, ou larva migrans cutânea.

O principal causador deste problema é o Ancylostoma braziliensi, que é um parasita encontrado no intestino de cães e gatos contaminados. No intestino do animal, a fêmea do parasita põe ovos que amadurecem e se transformam em larvas. Elas são eliminadas com as fezes e contaminam o solo. Estas larvas sobrevivem no solo por várias semanas, quando contaminam os animais, voltam para seu intestino e fecham o ciclo.

Porém, estas larvas podem penetrar pela pele humana, ao invés da pele de seus hospedeiros caninos e felinos. Na pele humana, as larvas não conseguem chegar às camadas profundas, permanecendo na região mais superficial.

As crianças são mais atingidas do que os adultos, pois costumam ficar em bastante contato, sentadas e revolvendo a areia. Além disto, têm a pele mais fina, sendo as áreas das mãos, braços, pés, pernas e nádegas as mais frequentemente atingidas. As larvas podem penetrar pela pele íntegra ou através de alguma lesão já existente. Uma vez dentro da pele, estas larvas caminham 1 a 2 cm por dia, deixando um rastro avermelhado, que se assemelha ao desenho de um mapa. Daí o nome bicho geográfico.

Há bastante coceira no local, com muito incômodo e, devido ao ato de coçar, podem ocorrer lesões de infecção secundária.

O tratamento é feito á base de pomada de Tiabendazol no local. Porém, se há uma infestação muito grande, podem ser usados medicamentos por via oral, à base de Albendazol ou Ivermectina. É importante que estes medicamentos sejam orientados pelo pediatra, pois nem todas as crianças podem utilizá-los. Algumas vezes, são necessários antialérgicos para ajudar na coceira, até que o tratamento consiga acabar com a infestação. Se nada for feito, as larvas acabarão morrendo, pois não conseguem se reproduzir. Porém, isto poderá levar de 1 a 2 meses, com coceira e incômodo intensos.

Já tive um paciente que se infectou e adquiriu a larva migrans nas areias de um parquinho dentro do Parque Villa-Lobos. Ou seja, não é necessário ir à praia para ter bicho geográfico. Há vários parques na cidade com tanques de areia abertos e expostos a cães e gatos. Já na praia, é desejável que não se levem os cães para a areia, regra que nem sempre é respeitada, infelizmente.


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