Ilustração: Claudia Marianno |
No final do esôfago, na transição com o estômago, existe uma válvula que impede que o conteúdo ácido do estômago volte para o esôfago. Esta válvula tem períodos de relaxamento, que podem ocorrer normalmente algumas vezes ao dia, permitindo que o conteúdo do estômago reflua para o esôfago. Em bebês até um ano de idade, o refluxo pode ser fisiológico, ou seja, não representar uma doença. Portanto, quando o bebê regurgita, mesmo que de uma forma freqüente, isto é normal. Chamamos esta manifestação de refluxo gastroesofágico e ocorre de forma mais freqüente em bebês pequenos, pelo fato de serem alimentados apenas com líquidos e permanecerem deitados a maior parte do tempo, facilitando a volta do conteúdo do estômago para o esôfago.
Existe uma condição em que o refluxo passa a ser patológico. É a chamada doença do refluxo gastroesofágico. O que diferencia a condição normal de refluxo da condição patológica são as conseqüências deste refluxo na criança. Há três situações que seriam consideradas patológicas:
A criança vomita grandes quantidades de leite o dia todo e não consegue ganhar peso por este motivo. Esta é a situação menos freqüente.
O bebê começa a mamar e, poucos minutos depois, começa a chorar, jogando a cabeça para trás formando um arco com o corpo, de tanta dor. Nesta situação, pode nem haver regurgitação ou vômito. Só muita dor.
O bebê regurgita ou vomita muitas vezes e tem muita dor ao mesmo tempo.
Nestas situações, há necessidade de se medicar a criança, pois a dor incomoda muito e impede que as mamadas sejam tranqüilas e com uma rotina. Ocorrem, com freqüência, mamadas curtas, pois a dor as interrompe. O bebê acaba não conseguindo mamar até o final e dormir direito, acordando e apresentando fome antes da hora. A rotina passa a não existir.
A doença do refluxo gastroesofágico não é rara, porém, na grande maioria dos casos, só se inicia após um mês de vida (é lógico que há exceções). Se estas situações lhe soam familiares, não deixe de comentar com seu pediatra.