sábado, 31 de março de 2012

Chupeta e morte súbita



No ano de 2005, foi publicado um trabalho no British Medical Journal, um periódico médico inglês de grande renome no meio científico, no qual foram estudadas as condições em que houve a morte súbita de uma série de bebês. Foram feitas entrevistas com as mães de 185 bebês, que tiveram morte súbita no período de 1997 a 2000. Estas entrevistas foram comparadas com as de 312 mães controle. O inquérito se baseou exclusivamente nas condições em que o bebê dormiu pela última vez.

Os achados foram os seguintes:
Bebês que chupavam o dedo tiveram 57% menos chance de ter morte súbita
Bebês que chupavam chupeta tiveram 92% menos chance de ter morte súbita
Somente 4% dos bebês que tiveram morte súbita estavam usando chupeta

E mais: a chupeta estava associada com o decréscimo nas taxas de morte súbita em grupos de diferentes culturas, idades, educação e nível sócio-econômico. Nas casas em que havia fumantes ou não; nos bebês amamentados no seio ou não; nos que haviam ficado doentes recentemente ou não. Ou seja, a associação aconteceu em todos os grupos, com as mais diferentes variáveis.

Na verdade, não se sabe exatamente qual a causa da morte súbita em bebês e, por este motivo, há uma série de recomendações que são feitas, baseadas nas evidências em que ocorreram as mortes. Uma delas é a posição de dormir, sendo condenada a posição de bruços. Hoje em dia só se colocam os bebês para dormir de barriga para cima, como já falamos neste post aqui. No caso do uso da chupeta prevenindo a morte súbita, a hipótese mais aceita para explicar tal fato seria a de que a chupeta na boca faz um volume externo grande, impedindo que a criança se sufoque com as cobertas ou em uma posição perigosa. Ela serve praticamente como um anteparo. Esta seria a diferença entre chupar o dedo e a chupeta, ou seja, não seria apenas o ato da sucção em si, mas o volume preso à boca.


A Academia Americana de Pediatria oficializou a seguinte recomendação:

“Considere oferecer uma chupeta nos sonos da tarde e da noite: embora o mecanismo não seja conhecido, a redução do risco de morte súbita associado ao uso de chupeta durante o sono é convincente, e a evidência de que o uso da chupeta inibe a amamentação ou causa problemas dentários tardios não é. Até as evidências ditarem o contrário, recomenda-se o uso da chupeta durante o primeiro ano de vida, de acordo com os seguintes procedimentos:

A chupeta deve ser oferecida quando for deitar a criança para dormir e, se cair, não deve ser recolocada uma vez que a criança adormeceu. Se a criança recusa a chupeta, ela não deve ser forçada a aceitá-la
Chupetas não devem ser molhadas em líquidos doces
As chupetas devem ser limpas e trocadas regularmente
Para crianças amamentadas no peito, postergue a introdução da chupeta para a idade de um mês, até haver certeza de que a amamentação está firmemente estabelecida”.

O pico da morte súbita ocorre entre dois e quatro meses de vida e é muito rara a sua ocorrência antes de um mês, caindo rapidamente após os seis meses de vida. Deste modo, aguardar até um mês para se introduzir a chupeta não colocaria o bebê em risco.

A íntegra do texto sobre as recomendações da Academia Americana de Pediatria para se evitar a morte súbita, incluindo o uso da chupeta, encontra-se neste link.






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