No ano de 2005, foi publicado um trabalho no British Medical Journal, um periódico médico inglês de grande renome no meio científico, no qual foram estudadas as condições em que houve a morte súbita de uma série de bebês. Foram feitas entrevistas com as mães de 185 bebês, que tiveram morte súbita no período de 1997 a 2000. Estas entrevistas foram comparadas com as de 312 mães controle. O inquérito se baseou exclusivamente nas condições em que o bebê dormiu pela última vez.
Os achados foram os seguintes:
Bebês que chupavam o dedo tiveram 57% menos chance de ter morte súbita
Bebês que chupavam chupeta tiveram 92% menos chance de ter morte súbita
Somente 4% dos bebês que tiveram morte súbita estavam usando chupeta
E mais: a chupeta estava associada com o decréscimo nas taxas de morte súbita em grupos de diferentes culturas, idades, educação e nível sócio-econômico. Nas casas em que havia fumantes ou não; nos bebês amamentados no seio ou não; nos que haviam ficado doentes recentemente ou não. Ou seja, a associação aconteceu em todos os grupos, com as mais diferentes variáveis.
Na verdade, não se sabe exatamente qual a causa da morte súbita em bebês e, por este motivo, há uma série de recomendações que são feitas, baseadas nas evidências em que ocorreram as mortes. Uma delas é a posição de dormir, sendo condenada a posição de bruços. Hoje em dia só se colocam os bebês para dormir de barriga para cima, como já falamos neste post aqui. No caso do uso da chupeta prevenindo a morte súbita, a hipótese mais aceita para explicar tal fato seria a de que a chupeta na boca faz um volume externo grande, impedindo que a criança se sufoque com as cobertas ou em uma posição perigosa. Ela serve praticamente como um anteparo. Esta seria a diferença entre chupar o dedo e a chupeta, ou seja, não seria apenas o ato da sucção em si, mas o volume preso à boca.
A Academia Americana de Pediatria oficializou a seguinte recomendação:
“Considere oferecer uma chupeta nos sonos da tarde e da noite: embora o mecanismo não seja conhecido, a redução do risco de morte súbita associado ao uso de chupeta durante o sono é convincente, e a evidência de que o uso da chupeta inibe a amamentação ou causa problemas dentários tardios não é. Até as evidências ditarem o contrário, recomenda-se o uso da chupeta durante o primeiro ano de vida, de acordo com os seguintes procedimentos:
A chupeta deve ser oferecida quando for deitar a criança para dormir e, se cair, não deve ser recolocada uma vez que a criança adormeceu. Se a criança recusa a chupeta, ela não deve ser forçada a aceitá-la
Chupetas não devem ser molhadas em líquidos doces
As chupetas devem ser limpas e trocadas regularmente
Para crianças amamentadas no peito, postergue a introdução da chupeta para a idade de um mês, até haver certeza de que a amamentação está firmemente estabelecida”.
O pico da morte súbita ocorre entre dois e quatro meses de vida e é muito rara a sua ocorrência antes de um mês, caindo rapidamente após os seis meses de vida. Deste modo, aguardar até um mês para se introduzir a chupeta não colocaria o bebê em risco.
A íntegra do texto sobre as recomendações da Academia Americana de Pediatria para se evitar a morte súbita, incluindo o uso da chupeta, encontra-se neste link.