segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Amamentação: querer ou poder?


Os benefícios da amamentação são indiscutíveis. Nos nossos dias, a informação corre de forma rápida e abrangente, atingindo a grande parte das pessoas. Campanhas a favor da amamentação, com formadores de opinião mostrando sua própria experiência agregam mais e mais valor ao ato de amamentar, influenciando as mais diversas camadas da sociedade. Desta forma, conseguiu-se reverter de forma muito positiva a vontade das mães em darem leite materno, vontade que na década de 60 havia sido bombardeada pela indústria de leite em pó, as chamadas fórmulas lácteas. As mães ofereciam a mamadeira com a plena convicção de que o leite em pó substituiria com vantagem seu leite. Além disto, com a digestão mais difícil deste leite, os bebês dormiam mais e tudo se resolvia mais facilmente.
Em um país pobre, em que muitas vezes não se consegue garantir alimentação plena no primeiro ano de vida, os bebês acabaram ficando sem o leite materno e sem a fórmula láctea. Resultado disto: desnutrição. Alguns eram amamentados com leite de vaca in natura, o que hoje sabemos ser totalmente inadequado para o desenvolvimento cerebral dos bebês. Enfim, o leite materno acabou sendo substituído com muitas desvantagens para os bebês.
Após muito esforço de autoridades e governo, hoje temos consciência de que o leite materno é insubstituível, além de estar disponível sem custo algum para o bebê. Hoje há consciência plena das mães sobre isto, o que se pode observar no consultório, quando as mães chegam muito motivadas a amamentar seus bebês com leite materno.
Porém, mãe e filho compõem um binômio, ambos com suas próprias características. Desta forma, uma mãe pode ter um bebê que nasce com 4 kg, com uma fome de leão, e ter uma quantidade de leite que seria suficiente para um bebê de 3 kg, por exemplo. O que vai acontecer? O bebê de 4 kg vai ter fome e vai chorar. A mãe acha que algo está errado e se desespera, por não conseguir acalmar o bebê esfomeado, que não dorme e não deixa dormir.
Em outra situação, a mãe tem leite sobrando, seu bebê mama e dorme bem. Ainda sobra leite do outro seio. Daria para amamentar duas crianças ao mesmo tempo.
Qual seria a opinião destas mães sobre amamentação? Com certeza uma opinião bem diferente uma da outra. Quem tem leite sobrando e amamenta com facilidade, com certeza irá disseminar uma ideia de amamentação muito mais positiva e prazerosa do que aquela mãe que sofreu com um bebê faminto, querendo mamar o dia todo e não dando conta do recado. Uma mãe passará a ideia de que amamentar é querer, porém, para aquela cujo filho tem fome, não basta querer, é preciso poder, ou seja, ter leite suficiente.
Por este motivo, aconselho sempre muito cuidado às mães que iniciam a amamentação com relação às opiniões e conselhos de mães que já amamentaram. Cada uma delas se baseia em sua experiência pessoal, que é única. Tenha em mente que amamentar é muito importante para seu bebê. Tente amamentar exclusivamente com leite materno, mas leve em consideração que amamentar também é poder e não somente querer.






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